Uma série de 5 volumes que passou a 6, derivado a Bourgeon dar a sua continuidade.
Para os seguidores e simpatizantes de BD é sem dúvida uma obra a não perder, onde é considerada uma das melhores series de BD de sempre. Uma conceituada obra-prima.
Sinopse por Carlos Pessoa (Jornalista do Público)
"O que importa é que uma certa veracidade contribua para a criação do clima pretendido pelo autor". A afirmação é de François Bourgeon, argumentista e desenhador da série Os Passageiros do Vento, e pode ajudar a compreender a obsessão do detalhe que ressalta das aventuras deste fresco setecentista. E bastaria a leitura do primeiro episódio, A Rapariga no Tombadilho, para o confirmar.
É a bordo de uma fragata da marinha real francesa que decorre praticamente toda a acção deste primeiro episódio. Para recriar o ambiente de bordo em todos os seus detalhes e, assim, construir uma atmosfera tão peculiar, o autor inspirou-se nos pianos de uma embarcação de maior envergadura - um navio de duas pontes e 74 peças - a que teve acesso em 1977.
Bourgeon não se limita a tirar partido, com maior ou menor detalhe, dos mapas encontrados ou dos estudos daquele autor para alguns dos espaços interiores. De facto, há uma mais-valia evidente no labor criativo do autor, a quem ficamos a dever uma muito realista reconstituição da câmara de oficiais ou dos porões onde os marinheiros se amontoam em condições degradantes, por exemplo.
Noutros casos, não dispondo sequer de informação específica, Bourgeon não hesita em arriscar na recriação, como acontece na cena. do hospital de campanha.
Na galeria de personagens da série, Isa é a verdadeira heroína. Na melhor tradição da banda desenhada de aventuras, consegue sempre sair airosamente das situações mais difíceis. Tão hábil a manusear a pistola como o fuzil ou a faca, revela-se, no contexto histórico do final do século XVIII, uma mulher livre, para quem a condição feminina não é uma limitação.
A liberdade de acção e de ideias, que exibe com orgulho num mundo de homens, fazem dela uma criatura que seria mais provável nos primórdios dos movimentos de emancipação feminista do século XX. François Bourgeon defende a sua personagem com convicção: "Não me parece de todo impossível que pudesse é encontrar-se a mesma sensibilidade [das feministas] em certas mulheres do século XVIII".
Antes de ser heróica, a história de Isa é trágica: ao trocar a roupa com a sua amiga de infância, Isa torna-se Agnes e esta usurpa-lhe o estatuto e a condição de fidalguia. Ao perder o seu lugar natural no mundo, a heroína é encerrada num convento e será, anos mais tarde, violada pelo seu próprio irmão. Começa então um percurso, quase sempre tenaz e por vezes brutal, para recuperar a identidade perdida.
O resultado final é assim sintetizado por Michel Thiebaut numa obra consagrada à construção da série (Les Chantiers d'une Aventure): "O trabalho do autor começa frequentemente onde acaba a documentação, cuja qualidade é uma condição necessária, mas não suficiente. (...) O seu olhar desloca-se no espaço para melhor nos levar a descobri-lo sob diferentes ângulos. Será necessário sublinhar que um tal modo de ver exige infinitamente mais trabalho do que uma simples sucessão de planos, mais ou menos relacionados, sob um mesmo ângulo?"
É a bordo de uma fragata da marinha real francesa que decorre praticamente toda a acção deste primeiro episódio. Para recriar o ambiente de bordo em todos os seus detalhes e, assim, construir uma atmosfera tão peculiar, o autor inspirou-se nos pianos de uma embarcação de maior envergadura - um navio de duas pontes e 74 peças - a que teve acesso em 1977.
Bourgeon não se limita a tirar partido, com maior ou menor detalhe, dos mapas encontrados ou dos estudos daquele autor para alguns dos espaços interiores. De facto, há uma mais-valia evidente no labor criativo do autor, a quem ficamos a dever uma muito realista reconstituição da câmara de oficiais ou dos porões onde os marinheiros se amontoam em condições degradantes, por exemplo.
Noutros casos, não dispondo sequer de informação específica, Bourgeon não hesita em arriscar na recriação, como acontece na cena. do hospital de campanha.
Na galeria de personagens da série, Isa é a verdadeira heroína. Na melhor tradição da banda desenhada de aventuras, consegue sempre sair airosamente das situações mais difíceis. Tão hábil a manusear a pistola como o fuzil ou a faca, revela-se, no contexto histórico do final do século XVIII, uma mulher livre, para quem a condição feminina não é uma limitação.
A liberdade de acção e de ideias, que exibe com orgulho num mundo de homens, fazem dela uma criatura que seria mais provável nos primórdios dos movimentos de emancipação feminista do século XX. François Bourgeon defende a sua personagem com convicção: "Não me parece de todo impossível que pudesse é encontrar-se a mesma sensibilidade [das feministas] em certas mulheres do século XVIII".
Antes de ser heróica, a história de Isa é trágica: ao trocar a roupa com a sua amiga de infância, Isa torna-se Agnes e esta usurpa-lhe o estatuto e a condição de fidalguia. Ao perder o seu lugar natural no mundo, a heroína é encerrada num convento e será, anos mais tarde, violada pelo seu próprio irmão. Começa então um percurso, quase sempre tenaz e por vezes brutal, para recuperar a identidade perdida.
O resultado final é assim sintetizado por Michel Thiebaut numa obra consagrada à construção da série (Les Chantiers d'une Aventure): "O trabalho do autor começa frequentemente onde acaba a documentação, cuja qualidade é uma condição necessária, mas não suficiente. (...) O seu olhar desloca-se no espaço para melhor nos levar a descobri-lo sob diferentes ângulos. Será necessário sublinhar que um tal modo de ver exige infinitamente mais trabalho do que uma simples sucessão de planos, mais ou menos relacionados, sob um mesmo ângulo?"
A série iniciou na passada quarta-feira (2 de Setembro) e o preço é de 6.50€ para os 5 primeiros e 9.90€ para o último.
A obra é assim composta:
A obra é assim composta:
- A Rapariga no Tombadilho
- O Pontão
- A Feitoria de Judá
- A Hora da Serpente
- Ébano
- A Menina de Bois-Caïman
- A Menina de Bois-Caïman
8 comentários:
fiquei com a sensação que o último volume vai ser editado em 2 volumes & que o público só vai editar o 1º...
:(
Exacto! Acho que a conclusão do 2º volume, só está concluido para o próximo ano. :/
a banda desenhada tem uma comunicação muito expressiva... apesar de não ler BD , tenho apreciado o colorido, o movimento e as histórias, que tens por aqui passado ... pois gosto da vida com ritmo
:)
Olá :)
Fiquei muito contente ao ler o teu post hoje. Não sabia desta nova edição. Tenho o primeiro volume e nunca consegui comprar os seguintes. Já fui à livraria "fazer a encomenda".
Do mesmo desenhador tenho a série de "Os Companheiros do Crepúsculo" (3 álbuns) e ainda um outro em parceria com Genin: "Brunelle e Colin" (2 álbuns), da qual também só tenho o primeiro.
Tudo editado pela Meribérica/Liber.
Se gostas de Os Passageiros do vento gostarás certamente de Os Companheiros do Crepúsculo.
Na minha opinião, - e posso estar a dizer uma grande asneira :) - noto um aperfeiçoamento dos traços e no grafismo.
Muito bonito! :)
Tenho os dois primeiros volumes de “Os Companheiros do Crepúsculo”. Ainda não consegui adquirir o 3º.
Tenho um carinho especial por “Os Passageiros dos Vento”, mas acho as duas séries de excelente qualidade, sem duvida. :)
Mto bom gosto ;)
Tenho o 3º volume repetido.
Para onde queres que o envie? :)
A sério?? :)
Epá, temos que negociar!! :P
Ok! É um álbum de 142 páginas e custa para cima de um dinheirão!!!
:P
Escrevi-te para o email.
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