segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Scott Walker “Bish Bosch”

 
“I was thinking about making the title refer to a mythological, all-encompassing, giant woman artist.” Scott Walker

Já distinguido pela maioria da crítica como um dos melhores álbuns do ano, “Bish Bosch”, marca o regresso de Scott Walker aos discos. Músico com 69 anos de idade, que nos finais dos anos 60 se distinguiu pela sonoridade do Baroque Pop, vindo-se a afastar desse género familiar que o referenciou, vagueando agora pelo avant-garde sendo para muitos a melhor fase de Walker. “Bish Bosch” prossegue essa linha de criatividade, com músicas devastadoramente originais e extremamente complexas.
Após o seu último e elogiado álbum - “The Drift” (2006) – Walker continua a querer fortalecer, alimentar a sua música em forma de arte, talvez por isso “Bish Bosch” seja uma homenagem ao célebre pintor alemão Hieronymous Bosch (c. 1450 – 1516), mostrando em nove músicas, uma visão mais profunda de contrastes sonoros mais abstractos, embelezando toda essa atmosfera eufónica a cada pincelada.
Poderá ser um pouco violento e imprevisível para quem digere a sua música, mas no entanto são as emoções que despertam algo em nós. Existem músicas que nos levam até à exaustão, tal como “SDSS14+13B (Zercon, A Flagpole Sitter)” com duração de uns 20 minutos, ou “Corps De Blah” de 10, deambulando por variados conceitos auditivos, num dinâmico medley de instrumentos, criando uma exposição anárquica de sons. Quase chega a ser teatral a forma como Walker canta, parecendo lamentar-se perante o mundo. O tema de abertura “See You Don’t Bump His Head” serve de aperitivo para o restante alinhamento, numa batida desordenada, arrastando logo o ouvinte para um ambiente surrealista. Continuando expostos a ambientes surrealistas, está “Epizootics” e “Dimple”, num delírio quase profundo. As lâminas se cruzando como instrumento rítmico em “Tar”, ou “The Day The “Conducator” Died”, percebe-se que o quanto medonho e integrante é a música de Scott Walker.
Pode não ser um disco acessível de alcançar, mas também nem tudo o que é arte o é!

Tracklist:

01. ‘See You Don’t Bump His Head’
02. Corps De Blah
03. Phrasing
04. SDSS1416+13B (Zercon, A Flagpole Sitter)
05. Epizootics!
06. Dimple
07. Tar
08. Pilgrim
09. The Day The “Conducator” Died

Scott Walker “Bish Bosch” (4AD) – 8,5/10

Fica o vídeo “Epizzotics!”.
 

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